SABER VOTAR É PRECISO
Nos dias atuais, as pessoas, de um modo geral, sabem que é preciso votar
em alguém ou em algum pensamento para fortalecer a democracia que é um
instrumento direto ou indireto de administração popular, o que nem sempre se
pensa é no fato de quê tal direito de exercício da cidadania fora conquistado
por meio de conflitos e renuncias de heróis obstinados em combater a tirania e
o mito da “divindade” de governantes perversos e homicidas, os quais se
aproveitavam da inocência, da insegurança e da ausência de reflexão permanente
das massas para subjugá-las e oprimi-las. As primeiras noções de justiça social
e de igualdade de direitos políticos, na história, nascem com pessoas que
demonstram interesse pelo conhecimento e que desde então, enxergam a verdade, em
construção permanente, como produto da dúvida. São os chamados dissidentes e
subversivos, os pregoeiros de novas ideias e modos de vida. Para Lenin “Sem teoria revolucionária, não há movimento
revolucionário”, (Gomes, 2006, p. 115).
Pode-se se dizer que, as pessoas, de pensamentos diferenciados na hora de
adotar decisões ou de mudar seus representantes ou grupos governantes
acostumados a se manterem no poder, são o combustível responsável pela a
continuidade da liberdade democrática, reprimi-las e/ou extingui-las, em nome
de uma suposta unidade política, é importante até demais para o retorno da
tirania. Dizia Lenin: “A democracia pura
é uma farsa para enganar os operários”, (Gomes, 2006, p. 195).
É fundamental alternar o poder para que se evite a manipulação da
economia segundo os interesses de uma determinada agremiação que sem dúvida não
hesitará em monopolizar a política. Pois bem, a liberdade nasce da discussão
diária, se quiser escravizar pessoas se evite a discussão e se ignore seus
questionamentos, mas se quer formar homens e mulheres livres deem uma chance
para o que pensam.
“Nesse sentido, o elemento
econômico e politico estão ligados. É difícil estabelecer fronteiras; ao mesmo
tempo em que vai do econômico para o político, também acontece o inverso: a
luta política motiva o desencadeamento de novas lutas econômicas”. Bogo [org.], 2005, p.236.
No processo de eleição direta para se reafirmar uma democracia indireta,
a exemplo, do Estado Brasileiro, que neste ano de 2012, elege seus governos
municipais, é preciso, basicamente, que o poder constituinte leve em
consideração pelos menos três pré-requisitos de seus candidatos a fim de
torna-los embaixadores do povo, agora e depois:
a a) A
historiografia do candidato - suas origens e trajetórias sociais, por quem foi
educado e como exerce seu papel de agente transformador da realidade, haja
vista que as relações sociais e o meio em que se vive são fatores expressivos
influenciadores do processo de constituição política do indivíduo.
b
b) A vida
pessoal – é um detalhe igualmente importante, pois que as instituições são
geradas pelo pensamento humano que é precedido pelo credo ou pela dúvida, pelo
o sentimento de ética moral e disciplina ou por algum desvio de conduta. Nos
fundamentos práticos de um governo, existem homens com suas singularidades. Por
exemplo, se um homem é infiel a sua esposa, não paga suas dívidas, envergonha
seus filhos e não se arrepende, esse tal tem todos os ingredientes para ser um
péssimo político, conforme a cultura do povo que representa, tendo-se em vista
que, com o poder nas mãos um homem pode priorizar os seus interesses. Se não
fora honesto consigo e com os seus, é motivo para pouco se crer em seu
compromisso com o povo.
c) A ideologia
da pessoa política – esse item pode se considerar sobremodo preponderante, sem
nenhum exagero do termo. Toda liderança é movida por um conjunto de ideias, de
pensamentos que na medida em que amadurecem se transformam em doutrinas, os
portadores dessas doutrinas ou teorias que geralmente são fundamentadas em
princípios lógicos ou em crenças hipotéticas podem se comportar como moderados,
radicais e/ou flexíveis, quanto a isso o eleitor deve estar atento sabendo que
a cultura concreta é inevitavelmente resultado do mundo das ideias. No campo
político, o povo precisa saber quem são os candidatos a cargos eletivos, mas
isso não será possível se não se conhecer suas crenças ideológicas, se são
Liberais, keynesianistas, Neoliberais ou defensores do Estado Mínimo,
Reformistas, Neomalthusianistas ou se acreditam no Estado Atuante, etc.
“Para Antonio Gramsci, na sociedade
civil, desenvolve-se o conjunto das relações econômicas, civis, políticas e
religiosas etc. entre os homens. Ou seja, ela é o lugar da organização dos
conflitos, segundo os fins dos grupos sociais. É a forma histórica dessa
regulação. Ou seja, é o lugar que compreende o momento econômico e ideológico e
onde se desenvolve a luta de classes. Os homens assumem consciência de seus
próprios objetivos no terreno da ideologia”. (Maestri, 2007, P. 240)
Por isso que é vital ao bem comum, para a justiça social e a democracia
se conhecer o candidato antes de votar, investiga-lo, saber o que pensa ou no
que acredita, pois que o Estado é de certa forma um reflexo das nossas
lideranças. Cada cidadão é uma liderança e o caminho da liberdade se inicia na
valorização desse atributo.
“A liberdade é a capacidade para
darmos um sentido novo ao que parecia fatalidade, transformando a situação de
fato numa realidade nova, criada por nossa ação” (Chauí, 2004, p. 185).
Referências
Chaui, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2004.
Gomes, Oziel. Lenin e a Revolução Russa. 2. ed. --São Paulo: Expressão Popular, 2006.
Maestri, Mário. Antonio Gramsci: Vida e Obra de um Comunista Revolucionário/ Maestri, Luigi Candreava – 2.ed. ver e ampl. –Sxão Paulo: Expressão Popular, 2007.
Ademar Bogo (org.). Teoria da Organização Política: Escritos de Engels, Marx, Lênin, Rosa, Mao. 1.ed.- São Paulo: Expressão Popular, 2005.
Postado por: Valderi Idalino da
Silva
Licenciado em Geografia pela UERN, 2006.
Especialista em Geografia e Gestão Ambiental pela FIP/PB
Professor de Ensino Médio da Rede Pública Estadual de Ensino do RN
Professor Supervisor – PIBID/CAMEAM/UERN.
Pau dos Ferros, 23.08.2012.